24 de mai. de 2010

O papel da inclusão digital no processo educativo

A disposição do ciberespaço tem permitido o surgimento de novas maneiras de conviver, de interagir, de organizar-se em comunidades, e de pensar. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem, são capturados por uma informática cada vez mais avançada (LÉVY, 1993), implicando em novos desafios sociais e técnicos.

O crescente aumento na utilização das novas ferramentas tecnológicas na vida social tem exigido das pessoas a aprendizagem de comportamentos e raciocínios específicos. Por essa razão, Xavier (2010, p. 1) destaca que:

...alguns estudiosos começam a falar no surgimento de um novo tipo, paradigma ou modalidade de letramento, que têm chamado de letramento digital. Esse novo letramento, segundo eles, considera a necessidade dos indivíduos dominarem um conjunto de informações e habilidades mentais que devem ser trabalhadas com urgência pelas instituições de ensino, a fim de capacitar o mais rápido possível os alunos a viverem como verdadeiros cidadãos neste novo milênio cada vez mais cercado por máquinas eletrônicas e digitais.
Enorme parcela das escolas e professores ainda não está preparada para lidar com alunos usuários de computador e expostos a ampla forma de acesso à informação. Por outro lado, um fraco letramento digital pode limitar a oportunidade que nossos jovens têm de absorver todos os benefícios que a aproximação via rede pode trazer. Verifica-se assim a necessidade de fomentar possibilidades de amadurecimento crítico, cognitivo e técnico para que os indivíduos sejam capazes de utilizar os recursos tecnológicos de forma consciente e transformadora, participando efetivamente da sociedade.

Se por um lado o ciberespaço possui a potencialidade de democratizar o acesso ao conhecimento, por outro, uma política incisiva de inclusão digital como projeto para uma democratização técnica na sociedade exige compromisso coletivo e político com escolhas decisivas e responsáveis, para que no futuro mais e mais pessoas possam ser acolhidas. Projeto este necessariamente ligado à inclusão social e à educação.

O conhecimento por simulação é um dos novos gêneros de saber que o ambiente cognitivo informatizado transporta. Um modelo digital não é lido ou interpretado como um texto clássico, ele geralmente é explorado de forma interativa. Segundo Pais (2002), o conhecimento simulado não é de natureza teórica e nem chega a ser de natureza experimental; situa-se entre esses dois pólos com a diferença de permitir maior dinâmica na formação de conceitos e na realização da prática, auxiliando e impelindo o usuário a tomar decisões.

Os textos digitais promoveram novos comportamentos do leitor e do escritor. Os blogs, por exemplo, como sistemas simples de publicação de textos, são agora suportes de escrita na Web. A interação é garantida por aplicativos para comentários do leitor, ampliando a relação entre leitor e texto. Assim, o texto digital disponibiliza ao leitor uma interação, possibilitando práticas de leitura, escrita e reescrita.

É possível que não nos apercebamos da existência de novos estilos de saber, simplesmente porque eles não correspondem aos critérios e definições que nos constituíram e que herdamos da tradição. Novos gêneros de saber implicam uma abordagem de indagações pedagógicas diante do desafio condicionado pelas tecnologias da informática, procurando desvelar articulações possíveis entre o uso dessas tecnologias e o evento da cognição, com o propósito de contemplar os aspectos potenciais inerentes ao uso desse tipo de recurso como suporte didático.

Uma utilização qualificada dos recursos digitais na educação traz implicações para a prática pedagógica, o que altera a forma de organização do trabalho docente e condiciona uma nova disposição de exigência profissional. Ainda com Pais (2000), podemos afirmar que a possibilidade de uso desses recursos na educação é vista como uma necessidade diante das exigências da sociedade da informação, mas como os demais recursos didáticos, não há condições de se pensar em termos de garantias de sucesso. Daí a necessidade de pensar em termos de possibilidade de expansão das condições educacionais e de articulações possíveis no uso dessas tecnologias.


Referências

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993.
PAIS, Luiz Carlos. Educação escolar e as tecnologias da informática. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
XAVIER, Antonio Carlos dos Santos. Letramento digital e ensino. Núcleo de Estudos de Hipertexto e Tecnologia na Educação - UFPE. Disponível em: <letramento digital e ensino>. Acesso em: 15 maio 2010.

Primeiras palavras

Este blog consiste em um espaço de livre e lenta gestação destinado à reflexão sobre o processo de ensino/aprendizagem na educação musical. Indagações pedagógicas diante do desafio condicionado pelas tecnologias da informática - intermezzo nômade em busca por um território de articulações possíveis entre o uso de novos meios e o evento da cognição musical.

Sou Edson Andrades, músico, brincante, instrutor musical e estudante.